03 de janeiro de 2014
A Camed está promovendo uma série de medidas que impactam no bolso dos associados. Por que elas tiveram que ser tomadas?
Ocione Mendonça – Somos um plano de autogestão que possui duas modalidades, o Plano Natural e o Plano Família. De 2009 pra cá, criamos um passivo atuarial. Esse passivo foi formado porque nossos reajustes foram abaixo do que as regras atuariais recomendavam. Além disso, os custos médicos, internações, consultas, procedimentos ambulatoriais, cirurgias… não seguem a variação da inflação convencional, nem a variação salarial do funcionário do Banco. Em 2012, tivemos uma inflação médica na Camed Saúde em torno de 16%. Achávamos que isso se acomodaria em 2013, mas não aconteceu. De janeiro a outubro esse índice foi da ordem de 30%. O reajuste considera despesas históricas e tem ainda que projetar uma inflação médica para o ano seguinte, que prevemos por volta de 18%. E ainda temos o rol de 87 novos procedimentos que serão incluídos pela ANS (Agência Nacional de Saúde), e a Camed vai concedê-los, como tem concedido até fora do rol, dentro de suas possibilidades. Acrescento ainda a unificação das tabelas de dependentes do Plano Família, em 10 faixas por idade, também exigência da ANS, passível de multa, caso não cumpríssemos. Com essas mudanças, esperamos que a gente tenha um superávit de R$ 1 milhão em 2014.
A Camed tem se esforçado para reduzir custos operacionais. Quais foram as principais ações nesse sentido?
Ocione Mendonça – Assumimos a Camed em Abril de 2013. Já havia uma definição do Conselho Deliberativo, liderada por seu presidente, o diretor Luiz Carlos Éverton, que muito nos tem apoiado nessas ações. Iniciamos então um processo de revisão de todas as estruturas da Camed. Montamos grupos de trabalho focados em dois grandes eixos: redução de despesas de pessoal e administrativas e outro preocupado em buscar alternativas para nosso custeio assistencial, o grande vilão dentro de um plano de saúde. No nosso caso, estamos com um custeio assistencial da ordem de 99%. Ou seja, está sobrando apenas 1% para todas as despesas administrativas do plano. O ideal é que esse percentual de custeio seja, no máximo, de 75%, para que ele tenha boa performance.
Quais foram os resultados?
Ocione Mendonça – Revisamos a estrutura organizacional em 39%. Tínhamos 36 unidades administrativas. Baixamos para 22, reduzindo também o número de gestores. Todas as áreas foram visitadas pelo grupo de trabalho, que fez análise de tarefas, rotinas e sobreposição de atividades. Ao final, reduzimos 157 funcionários até início de dezembro. Esse enxugamento ocorreu em função desse reordenamento das atividades. Uma das mudanças refere-se à auditoria médica, que antes era própria e hoje é terceirizada. Somente com pessoal, em 2013, isso significou redução de R$ 4,7 milhões em despesa. Se replicarmos para 2014, essa redução chegará a R$ 8,4 milhões. Além disso, revisamos contratos, com telefonia, empresa de energia, fornecedores, prestadores de serviço… Foram 160 contratos revisados, gerando redução de R$ 1,4 milhão no ano. Se compararmos as despesas administrativas de 2013, com a que vamos fechar 2014, estamos falando numa redução de 17%, ou quase R$ 10 milhões, sem perder eficiência operacional.
E sobre a migração dos genitores do Plano Natural para o Plano Família? Por que foi necessária?
Ocione Mendonça – A política de assistência à saúde é dirigida pela área de Desenvolvimento Humano do Banco do Nordeste, que entendeu que os genitores deveriam voltar ao Plano Família, de onde eles eram até dois anos atrás. Fez isso para dar mais assistência às pessoas que fazem parte do núcleo familiar. Isso trouxe impacto do ponto de vista financeiro para as pessoas que migraram, mas, mesmo assim, se compararmos as tabelas do nosso Plano Família com as de qualquer outro plano de autogestão ou de mercado, as nossas são extremamente favoráveis.
Como avalia o mercado em relação aos planos de saúde no Brasil?
Ocione Mendonça – Vem passando por um processo de transformação muito forte, a partir da regulação da ANS. Isso é bom do ponto de vista da assistência, mas há uma elevação de custos. Há o enxugamento com várias fusões e aquisições e uma tendência à concentração. O mercado tem passado por esse mesmo processo que a Camed vem passando, de crescimento de custeio assistencial. Se nós pegarmos as grandes operadoras: Unimed, Amil, Golden, Cassi, todas estão com uma sinistralidade muito parecida com o que nós temos. Há operadoras com sinistralidade superior a 100%. Isso remete à revisão de despesa e renegociação com prestadores. Pedimos a compreensão dos associados, porque teremos que fortalecer muito esse processo de negociação com grandes hospitais, laboratórios e os grandes demandadores, compra de órtese e prótese. Às vezes as pessoas reclamam: porque a Camed não autoriza logo? É porque nossa equipe está tentando fazer a melhor negociação pra atender o que seu médico assistente recomendou, a um menor custo. Muitas vezes, cortamos custos abusivos, porque nesse mercado de materiais médicos especiais é comum haver sobrepreço, e temos que combatê-lo. Isso faz parte de uma boa gestão de plano de saúde.
Há queixas em relação à qualidade e quantidade de serviços prestados, principalmente em cidades do interior. O que a Camed tem feito para minimizar essa insatisfação?
Ocione Mendonça – Eu diria que não é uma particularidade só da Camed essa deficiência. Sabemos que elas existem. Temos mandado equipes que atendem às reivindicações dos associados, como ocorreu em Sobral. Nossa equipe visitou as agências do Banco e, como resultado, crescemos o quantitativo de credenciados em 30% naquela região. Em Vitória da Conquista, Imperatriz, Açailândia foi feito o mesmo trabalho. Então, a sugestão que eu dou ao associado é que nos ajude nesse processo, identificando deficiências, de modo responsável, e sinalizando para mim(ocione@camed.com.br) e para a Diretoria da Camed, que daremos o devido encaminhamento. Obviamente que essa é uma solução conjunta. O profissional da Camed que está indo nessas praças conta com o apoio e o conhecimento local de quem está no interior.
Na sua opinião, a Camed continua sendo a melhor opção para os empregados do Banco do Nordeste? Por quê?
Ocione Mendonça – Não tenho dúvida disso. Mesmo com esses reajuste, o plano continua extremamente competitivo. Não somente pelo preço, mas pela qualidade, confiabilidade, respaldo que temos junto aos prestadores e pela rede credenciada que nós temos. Reconhecendo as deficiências do interior, digo que temos grandes parceiros, grandes hospitais. Em toda nossa área de atuação, temos uma grande rede credenciada. A Camed é uma empresa que vem cumprindo seu papel e, para isso, precisamos sempre ter a disciplina de promover esses ajustes como este que o Banco e a Direção da entidade estão promovendo agora. É importante que nos antecipemos para garantir pagamento ao prestador e assistência aos associados, nossa principal função.
Os empregados podem ficar tranquilos em relação à continuidade da Camed?
Ocione Mendonça – Fizemos uma projeção de custos assistenciais, inflação médica, o que implicou nesse reajuste de 1° de janeiro. Trazendo uma variável que nos trará equilíbrio. Isso nos dá uma tranquilidade muito grande. Já sei que vamos passar o ano de 2014 de modo bem mais confortável do que foram os últimos quatro meses, quando tivemos problemas de caixa. Terminaremos o ano com superávit, o que já muda muito o cenário que vínhamos vivenciando.