21 de setembro de 2023

LAÇOS DE CUIDADO para acolher as famílias neuroatípicas

Por Nicole Bastos, Psicóloga do Laços de Cuidado (CRP/1102480)

A Camed lançou no início de setembro o Programa Laços de cuidado, como um espaço de escuta e acolhimento às famílias com crianças que apresentam transtornos do neurodesenvolvimento. Essa iniciativa da Camed demonstra todo o carinho, respeito e afeto aos seus associados, ao oferecer mais um canal para ouvir e direcionar os beneficiários para o tratamento mais adequado.

Mas afinal, o que compreendemos por transtornos do neurodesenvolvimento? Bem, eles abrangem disrupções nos estágios iniciais do desenvolvimento cerebral que perduram ao longo da vida e têm suas raízes no período gestacional ou na infância. Além disso, podem emergir como resultado da interação de fatores genéticos e ambientais, incluindo exposição ao estresse, toxinas, certos medicamentos e nascimento prematuro, entre outros. Esses transtornos podem levar a uma variedade de limitações, que vão desde deficiências intelectuais até dificuldades de aprendizagem na criança.

Os 6 principais transtornos de neurodesenvolvimento em crianças são:

  • Transtorno do Espectro Autista (TEA)
  • Deficiências Intelectuais
  • Transtornos da Comunicação
  • Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
  • Transtornos Específicos de Aprendizagem
  • Transtornos Motores

 

Vamos explorar um pouco mais o Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Este é um distúrbio neurológico que impacta o desenvolvimento e funcionamento do cérebro. Ele se caracteriza por déficits na comunicação e na interação social, acompanhados de padrões comportamentais restritos e repetitivos.

Geralmente, os sintomas do TEA começam a se manifestar antes dos três anos de idade. Alguns desses sinais podem ser evidentes desde o nascimento, enquanto outros podem surgir ao longo do processo de desenvolvimento. É importante ressaltar que as características e a intensidade dos sintomas do autismo variam de forma única para cada indivíduo.

  1. Aqui estão alguns sinais de alerta a serem observados:

    1. Dificuldade no estabelecimento do contato visual.
    2. Atrasos no desenvolvimento da linguagem.
    3. Dificuldades na interação social.
    4. Comportamentos atípicos de brincadeira ou uso incomum de objetos.
    5. Atrasos no desenvolvimento motor.
    6. Manifestação de um apego excessivo a rotinas.
    7. Comportamentos repetitivos.
    8. Demonstração de um interesse intenso em tópicos ou objetos específicos.
    9. Sensibilidade sensorial a estímulos como sons, luzes e texturas.

      NÍVEIS DE SUPORTE NO AUTISMO




    Nível 1 de suporte

    • O indivíduo necessita de pouco apoio para atividades rotineiras;
    • Pode ter problemas para iniciar interações ou mostrar menor interesse nos relacionamentos;
    • Pode ter interesses específicos e comportamento mais inflexível em algumas situações;
    • Tem estereotipias mais sutis;
    • Pode apresentar pouco ou nenhum prejuízo na linguagem funcional.


    Nível 2 de suporte

    • Precisa de suporte considerável para atividades rotineiras;
    • Tem dificuldades na socialização e na comunicação verbal e não verbal;
    • Tem padrões de comportamento rígidos, com dificuldade para lidar com mudanças;
    • Pode apresentar crises quando ocorrem mudanças.


    Nível 3 de suporte

    • Precisa de suporte constante no cotidiano;
    • Apresenta dificuldades significativas na comunicação verbal e não verbal;
    • Déficit considerável na interação com as outras pessoas;
    • Maior intolerância a mudanças, comportamentos repetitivos intensos e interesses muito restritos.


    Algumas condições ou comorbidades podem estar relacionadas ao TEA:

    • Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
    • Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
    • Transtorno Opositivo Desafiador (TOD).
    • Depressão.
    • Deficiência intelectual.
    • Transtorno do Processamento Sensorial.
    • Distúrbios do sono.
    • Transtornos de aprendizagem.
    • Apraxia da fala.
    • Distúrbios alimentares, entre outros.


    Abordagem Terapêutica para o TEA

    O tratamento abrange uma equipe multidisciplinar composta por especialistas, incluindo neuropediatras ou psiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, fisioterapeutas e outros profissionais.

    Seu objetivo primordial é aprimorar a funcionalidade social, desenvolver habilidades de comunicação e reduzir comportamentos desadaptativos, resultando na melhoria significativa da qualidade de vida tanto das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) quanto de seus familiares.

     

    Mitos e Verdades

    O Autismo não é uma doença: Verdade

    É possível identificar características do TEA a partir dos 6 meses de idade: Verdade

    As vacinas causam Autismo: Mito

    O Autismo é causado por falta de amor e atenção da família: Mito

    Não é necessário iniciar intervenção em crianças com sinais precoces de Autismo até que o diagnóstico seja concluído: Mito

    Está ocorrendo um aumento no diagnóstico do Transtorno: Verdade

    Todos os autistas são agressivos: Mito

    Os autistas vivem em seu próprio mundo: Mito

    A medicação é essencial em todos os casos: Mito

    Não existem exames definitivos para diagnosticar o TEA: Verdade

     

    Diretrizes Importantes

    O termo atualmente utilizado para se referir ao Autismo é Transtorno do Espectro Autista (TEA), que engloba todas as condições anteriormente descritas como Transtornos Globais do Desenvolvimento, como o Autismo Infantil, a Síndrome de Asperger e o Transtorno Desintegrativo da Infância, entre outros.

    No Brasil, o diagnóstico de TEA é formalizado de acordo com a CID 11 (Classificação Internacional de Doenças), identificado pelo código 6A02, substituindo o código anterior F84.0.

    Termos como “criança especial”, “portador de necessidades especiais” e “portador de autismo” não são mais utilizados. De acordo com a lei, os termos corretos são “criança com deficiência”, “pessoa com deficiência” ou “pessoa autista”.

    Atualmente, pessoas com Autismo são reconhecidas como pessoas com deficiência em termos legais, conferindo-lhes acesso a todos os mesmos direitos.

    Conte com a Camed Saúde para compreender ainda mais sobre os transtornos. A Camed disponibiliza, via ligação, uma assistente social e uma psicóloga para ouvir os familiares beneficiários do Plano Natural ou Família.

    Nicole Bastos é Psicóloga (CRP/1102480) do Programa Laços de Cuidado da Camed Saúde, especialista em Análise do Comportamento Aplicada ao TEA

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    CLIQUE AQUI e assista ao vídeo da Assistente Social, Rebeca Costa, explicando como funciona o Programa Laços de Cuidado.